Rádio Beatitudes

sábado, 10 de novembro de 2012

MÚSICA DO DIA

ORAÇÃO DO HORIZONTE- DETONAUTAS

Nós vivemos a verdade
Que reluz do coração
Somos força e coragem
Enfrentando a escuridão
E onde o amor for infinito
Que eu encontre o meu lugar
E que o silêncio da saudade
Não me impeça de cantar
Talvez você me encontre por aí
Quem sabe a gente possa descobrir no amor
Sonhos iguais
Noites de luz
Que os dias de paz
Estão em nós
Que o desprezo que nos cerca
Fortaleça essa canção
E que o nosso egoísmo
Se transforme em união
E onde o amor for infinito,
Que eu encontre o meu lugar
E que o estorvo da maldade
Não me impeça de voar

Talvez você me encontre por aí
Quem sabe a gente possa descobrir no amor
Sonhos iguais
Noites de luz
Que os dias de paz
Estão em nós
A bondade é fortaleza
O amor tudo é capaz
Que a cegueira da certeza
Não sufoque os ideais do amor
Do amor
[parte falada]
E que em cada coração, árido ou concreto
Pulse uma semente de primavera
Como a luz que da janela emana raios de coragem
Coragem é agir com o coração
Coragem é agir com o coração
E que pra cada ato de coragem nasça uma flor
Uni-vos em torno da luz
Há um horizonte inteiro de amor dentro de cada um de nós
Para encontrá-lo basta acreditar que sim
Da luz eu sou, na luz eu me movo
Da luz eu sou, na luz eu me movo
O amor é a única revolução verdadeira!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

As Meninas



 
Arabela
abria a janela.
Carolina
erguia a cortina.
E Maria
olhava e sorria:
"Bom dia!"
Arabela
foi sempre a mais bela.
Carolina
a mais sábia menina.
E Maria
Apenas sorria:
"Bom dia!"
Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.
Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de amizade:
"Bom dia!"

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Síndrome dos 20 e tantos anos

Você começa a se dar conta de que seu círculo de amigos é menor do que há alguns anos. Dá-se conta de que é cada vez mais difícil vê-los e organizar horários por diferentes questões: trabalho, estudo, namorado(a) etc. E cada vez desfruta mais dessa Cervejinha que serve como desculpa para conversar um pouco.
As multidões já não são ‘tão divertidas’, às vezes até lhe incomodam.

Mas começa a se dar
conta de que enquanto alguns eram verdadeiros amigos, outros não eram tão especiais depois de tudo.
Você começa a perceber que algumas pessoas são egoístas e que, talvez, esses amigos que você acreditava serem próximos não são exatamente as melhores pessoas. Ri com mais vontade, mas chora com menos lágrimas e mais dor. Partem seu coração e você se pergunta como essa pessoa que amou tanto e te achou o maior infantil, pôde lhe fazer tanto mal. Parece que todos que você conhece já estão namorando há anos e alguns começam a se casar, e isso assusta!

Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado e significa muito dinheiro para seu pequeno salário. Olha para o seu trabalho e, talvez, não esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou, talvez, esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo e isso lhe dá um pouco de medo.

Dia a dia, você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que não quer. Suas opiniões se tornam mais fortes. Vê o que os outros estão fazendo e se encontra julgando um pouco mais do que o normal, porque, de repente, você tem certos laços em sua vida e adiciona coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é. Às vezes, você se sente genial e invencível, outras… Apenas com medo e confuso.

De repente, você trata de se obstinar ao passado, mas se dá conta de que o passado se distancia mais e que não há outra opção a não ser continuar avançando. Você se preocupa com o futuro, empréstimos, dinheiro… E com construir uma vida para você. E enquanto ganhar a carreira seria grandioso, você não queria estar competindo nela.

O que, talvez, você não se dê conta, é que todos que estamos lendo esse texto nos identificamos com ele. Todos nós que temos ‘vinte e tantos’ e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes. Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça…

Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos… Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro. Parece que foi ontem que tínhamos 16…

Então, amanha teremos 30?!?! Assim tão rápido?!?

(Autor Desconhecido)

domingo, 26 de agosto de 2012

Pobres daqueles que vivem na ilusão
de viver com  diversão,
evitar solidão.



(LUZIA ESCONGISK)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Tragédia e Comédia: conceitos e realizações

Excelente texto diferenciando tragédia e comédia, porém, com o português de Portugal antes do Acordo Ortográfico (provavelmente) havendo, portanto, algumas palavras escritas diferentes. Optei por deixá-las como estavam no texto original. Boa Leitura.

Obs. Esse texto está de acordo com a matéria do 6º ano.


A existência dos dois géneros (Tragédia e Comédia) tem sido justificada, no plano da construção, pela ideia ou pelo fim, no plano da realização, pela forma ou pelo processo; assenta-se normalmente em que o plano de construção da Tragédia diverge do da Comédia no desenvolvimento Interior da ideia e na diversidade do fim, e, consequentemente, em que o    plano de realização da Tragédia diverge do da Comédia no desenvolvimento exterior da ideia (forma) e no processo histriónico escolhido (processo particular aplicado). Mas, como TEATRO é designação usada para uma expressão artística que, através de vários processos construtivos, se manifesta por vários sucessos de realização, a construção de uma peça, em Teatro, é apenas um momento da realização, e, portanto, para se atingir um conceito de género dentro de tal medida, interessa apenas a realização conjunta, total e final, tomada a partir dos efeitos determinados (os efeitos determinantes interessam só à apreciação).Ora, Comédia e Tragédia são géneros que só abusivamente cabem dentro dos quadros da análise literária, porque não são totais pela ideia e pela palavra; enquanto Poesia e Romance se acabam precisamente em ideia e palavra, estas, na Tragédia e na Comédia, são elementos carecendo de vida pela forma, uma forma que os conduz e que nunca deve ser conduzida por eles. Comédia e Tragédia são géneros que, portanto, não cabem dentro de conceitos antagónicos, porque, como elementos contributivoscontribuiriam então para a dispersão, e, porventura, para o aniquilamento da arte que servem. Uma arte é uma unidade, e, com mais ou menos parcelas, mais ou menos irisada, não deixa de ser uma unidade válida; ora, a unidade pode atingir-se por caminhos diferentes ou por somas de parcelas diferentes, mas nunca por caminhos ou somas de parcelas divergentes – e por isso nos encontramos no momento de análise conceptual que exclui a divergência:— Tragédia é a realizaçãoem-Teatro dada através de uma sublimação de atitudes interiores e de uma consumação da acção.— Comédia é a realização-em-Teatro dada através de uma reprodução de atitudes exteriores e de uma interrupção da acção.(Os termos sublimação de atitudes e reprodução de atitudes dizem respeito ao primeiro momento da realização - construção; os termos interior e exterior dizem respeito ao segundo momento - momento final dá realização). Assim, onde o primeiro momento é feito de uma sublimação de atitudes, o segundo momento acaba-se no plano interior da expressão espiritual e simbólica; onde o primeiro momento é feito de reprodução de atitudes, o segundo momento acaba-se no plano exterior da expressão pelo gesto (expressão material). A acção é toda interior ou toda exterior e, como a acção interior não se compadece com interrupções, a consumação dá-se em vida de cena, e, como a acção exterior é toda imediata, acontece haver sempre um momento susceptível de interrupção. Pode dizer-se que também a Comédia se tece com elementos interiores, espiritualmente válidos, mas fá-lo aplicando-lhes um domínio formal determinante, isto é, tece-os pela aparência significativa, momento exterior de uma essência discutível. A Comédia não procura eternizar-em-si o cerne do conflito, mas reproduzi-lo em alheamento – o conflito é que, em circunstâncias idênticas, pode repetir-se e eternizar o quadrado artístico que o reproduziu. A Tragédia, debruçando-se até ao fundo, alarga o conflito por dentro e expõe-lhe a pele mais íntima em símbolo a pedir atenção eterna. Claro que para um conflito contribuem momentos ajustados, e, por exemplo, um domingo de campos verdes, com sinos, outras gravatas e muito sol, ou um meio-dia de semana com operários partidos pela cinta, céu enfarruscado, cestas escuras de almoço e outra gente apressada são cenas de Teatro oupara Teatro, mas cenas parciais, agora carecendo de ideia e palavra, à espera, portanto, de reprodução para os sentidos imediatos ou de sublimação pelo espírito. Reproduzindo, a Comédia deduz; sublimando, a Tragédia induz.De posse dos conceitos, interessa agora averiguar quais os processos necessários para uma realização total; e interessa também saber até que ponto os dois géneros são susceptíveis de enxerto ou combinações (uma vez que está excluído o conceito de antagonismo).— Os processos a adoptar são todos-interioridade ou todos-exteriorização. Na realização final da Tragédia, a ideia (acção interior) comunica-se ao processo e é transposta para os vários elementos de cena: cenário, luz, guarda-roupa, caracterização; na realização final da Comédia, estes mesmos elementos todos-exteriores vivem e contribuem para o sucesso final da reprodução. Não há divergência de processos, mas, diferença de aplicação dos processos. Para o demonstrar, escolhamos, ao acaso, elementos de peças clássicas e modernas:Em «A longa Ceia de Natal», tragédia de costumes de Thornton Wilder, exige-se, em desenvolvimento de acção, a concretização cénica duma ideia toda-interior – a morte; essa concretização é realizada em cenário por uma porta de fundo simbólica; na mesma peça, oenvelhecimento, ideia interior da acção, é realizado em cena por um acrescento de caracterização feito à vista do público (colocação de cabeleiras) – as ideias-interiores é que se transpõem para o esquema cénico. Em «O Auto da Índia», comédia de costumes de Gil Vicente, a porta da casa da Ama é construída de maneira a facilitar a reprodução dos elementos de acção-exterior, e a caracterização é feita não para exprimir a ideia-interior, mas para imprimir veracidade à reprodução /página 4/ exterior da ideia. Há uma dependência oposta: na Tragédia, a ideia (esquema interior) determina os elementos de cena; na Comédia, estes ajudam a construir e a explorar a situação (esquema exterior).Novo exemplo: na comédia «Pigmalião» de Bernard Shaw, a linguagem da florista é reprodução, mero elemento exterior, explorado momentaneamente por contraste... e por necessidade; não há um determinismo íntimo ou simbólico que force aquela linguagem. Em «A Casa de Bernarda Alba» de Garcia Lorca, até os nomes das personagens são simbólicos, porque vão ser ditos em cena, e são, só por si, possuidores da ideia que está a desenvolver-se, e não elaboradores ou ajudantes de elaboração da cena em movimento.Viu-se, por outro lado, que a Tragédia se realiza, ao contrário da Comédia, até à consumação da acção – de facto, uma atitude interior, espiritualmente completa, tende para a libertação e, nesse ponto, consuma-se inexoravelmente em frustração e dor; um momento altamente interior deixaria de o ser (e a Tragédia acabaria) no momento em que abdicasse do seu propósito de ascensão. Um momento exterior, que, por depreciação, pode inclusivamente conter uma raiva momentânea, uma paixão ridícula ou uma ambição baixa, interrompe-se (e muito bem) com um cair de pano ou com um ponto final, depois de exploradas as atitudes e as palavras que o conduziram. Assim chegamos à aparente irredutibilidade dos géneros, e aparente, porque o Teatro de hoje, por título alheio a esquemas, tem entretanto cavado nos dois campos (cada vez mais próximos e dolorosos) e, desta maneira, conseguido realizações de equilíbrio perigoso, só atingido em plenitude por mãos aguçadas pelo génio.
A conjugação dos dois géneros, de molde a produzir um terceiro que não seja o circo, é tarefa de altas proporções – quando cada papel é expressão e símbolo simultâneo de uma ridícula frustração individual e de um desencontro no alto plano sociológico, o diálogo e a realização final ameaçam tornar-se num labirinto sem solução. Por outro lado, a conjugação de esquemas e de atitudes pode levar a um resultado de torturante beleza e poder, como, por exemplo, em «Espera de Godot» de Samuel Beckett: toda a peça é construída e realizada sobre uma reprodução-em-comédia de uma ridícula dor individual e, simultaneamente, sobre uma sublimação-em-Tragédia de um fatal desencontro de sociedades, e o resultado é um vaso magnífico de forma e de conteúdo ideal. Didi e Gogo aparecem nas nossas estradas e fazem-nos rir; mas a sociedade onde há «Didis» e «Gogos» faz-nos chorar. É tudo.

Alberto Pimenta


domingo, 12 de agosto de 2012


Eu sou a tua decepção...
Eu sou o  câncer,
Que corrói sua ambição...
Sou tua ânsia de ter
Sou a tua perdição...
Sou tua ânsia de vomito...
Sou teu sentimento escroto...

Ao seu ouvido
Sou o insistente zumbido
após o show
de rock in roll...
Sou teu porre
mistura smirnoff
com Robspierrre
e... Cof! Cof!

Os Brancos, Amarelos e Índios são “mutações” do homem original Negro


Anos atrás no “Museu do Homem de Paris” houve uma exposição intitulada “Todos Diferentes, Todos Parentes”,  a reportagem que agora posto lembra que se Morton estivesse vivo (Morton foi um grande cientista que morreu em 1851, estudava a “diferença” entre as raças humanas) ele certamente teria um enfarto fulminante ao ver que várias pessoas, incluindo crianças, remontavam, em uma tela de computador,  aquilo que ele levou décadas em sua vida fazendo no laboratório. Diariamente, centenas de jovens e curiosos em geral se divertiram na mostra  criando “homens” inimagináveis, numa miscelânea que inclui os mais variados tipos de cabelo, olhos, rosto ou mesmo o tamanho do nariz.
Essa brincadeira se confunde com a própria explicação da origem do homem moderno, o Homo sapiens sapiens: a de que, ao contrário do que pensava Morton, as diferenças físicas, tão gritantes a nossos olhos, não passam de detalhes na história de uma espécie que, embora numerosa e espalhada por todo o mundo, em última análiseprovém de um único ancestral. As aparências enganam. “O sentido da visão tem um papel primordial nas percepções humanas, enquanto várias espécies de animais que diferem na cor dos pêlos ou da pele parecem não dar a menor importância a isso”, brinca o francês André Langaney, chefe do laboratório de Biometria de Genética da Universidade de Genebra.
É certo que as questões de um século atrás ainda persistem: se somos descendentes de um mesmo antepassado, por que alguns têm a pele negra, cabelos crespos e olhos escuros, enquanto outros têm olhos puxados, cabelos lisos e a pele amarela? Por que os pigmeus medem em média 1,50 metro, enquanto suecos chegam a 1,77 metro? As diferenças são tantas, que apenas enumerá-las já soa como uma missão impossível — quanto mais listar respostas para cada uma… Mas para geneticistas como Langaney ou o célebre italiano Luigi Luca Cavalli-Sforza, um dos maiores especialistas no assunto,muito mais numerosas e essenciais são as igualdades. Todo homem, seja ianomâmi ou finlandês, possui cerca de 4,5 metros quadrados de pele, 100 órgãos, 450 músculos motores, 211 ossos, 950 quilômetros de tubos (veias e artérias), 100.000 quilômetros de fibras nervosas, 5 litros de sangue, 60 trilhões de células, etc. etc.
Tão importante ainda é que jamais se encontraram genes que pudessem ser considerados característicos de uma única população, por mais isolada que ela viva. Isto é: os cerca de 3 bilhões de componentes do patrimônio genético são compartilhados pelos 6 bilhões de homens que ocupam o Planeta. Sem exceções. É o que asseguram décadas de pesquisas, em especial as realizadas por aqueles dois especialistas. Langaney concentrou seu trabalho em três genes que são fundamentais no ser humano. O primeiro, responsável pelo tipo sangüíneo, é o sistema ABO. O outro, o do fator Rhesus, determina o Rh positivo e negativo. Quanto ao terceiro, o Gm, é o gene que produz a imunoglobulina, substância essencial para o sistema imunológico. Tais genes se encontram em centenas de grupos étnicos, cujas células a equipe de Langaney vasculhou. E o pesquisador é taxativo: isto descarta a possibilidade de existirem genes “brancos”, “negros” ou “amarelos”, como se acreditou até há pouco.
“Nenhuma população se isolou por um tempo suficiente para se constituir como uma raça completamente diferenciada”, garante Cavalli-Sforza. Professor da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, ele diz isso com a autoridade de quem nos últimos cinqüenta anos se dedicou a construir a mais completa e ambiciosa árvore genealógica da espécie humana e hoje se dá ao conforto de andar de chinelos nos corredores da universidade.
Sforza testou nada menos de 120 características humanas gravadas nos genes, inclusive o fator Rhesus e os sistemas ABO e Gm. E também não poupou o computador de Stanford para reagrupar milhares de trabalhos lingüísticos e arqueológicos, a partir dos quais selecionou os 42 grupos mais estudados, numa amostragem perfeita doshabitantes dos cinco continentes. Etíopes, pigmeus, europeus em geral, lapões, esquimós, japoneses, polinésios e índios americanos são apenas algumas das etnias escolhidas por ele. E, a partir desses estudos, o geneticista genovês radicado nos Estados Unidos chegou a uma conclusão inovadora: a de que era possível reconstituir a história da evolução humana com base na freqüência de certos genes, o chamado critério de distância genética.
O fator Rhesus é um exemplo que pode ajudar a entender essa conclusão. Sforza verificou que 16% dos ingleses tinham o fator Rhesus negativo, enquanto a freqüência nos bascos era de 9% e nos japoneses 0%. “Se nos limitarmos ao Rhesus, podemos dizer que os ingleses são mais próximos dos bascos que dos japoneses.” É lógico que, para obter a distância genética entre as populações, Sforza não usou apenas um gene; analisou mais de uma centena. Graças a esse critério, pôde chegar então às sete grandes famílias, os colonizadores da Terra: africanos, caucasianos, asiáticos do sul, asiáticos do norte, australianos, insulares do Pacífico e ameríndios.

Interessante que muitos vão dizer que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, partindo-se dessa premissa e se esse for o mesmo Homem Moderno como nós o conhecemos, então Deus era Negro. Muitas pessoas desde criança questionam, por que os homens criados a imagem e semelhança de Deus são tão diferentes entre si? Por que há Brancos, Negros, Amarelos etc.? Os Brancos, Amarelos e Índios são “mutações” do homem original Negro.
Resumindo o trabalho tanto de Langaney quanto de Sforza: se existem diferenças genéticas entre grupos étnicos, elas estão somente na freqüência com que cada gene ou grupos de genes se apresentam nas diversas populações. O que faz, então, com que os etíopes tenham a pele escura, enquanto os belgas têm pele clara? Ainda é cedo para esperar uma resposta definitiva, mas hoje há um consenso de que as diferenças são circunstanciais. “Provavelmente, uma simples questão de clima”, explica Langaney. Do ponto de vista bioquímico, por exemplo, não existem classificações como brancos, negros e amarelos: apenas pessoas com menos ou mais melanina. É essa substância, presente nas camadas profundas da epiderme, que responde pela coloração da pele, dos cabelos e dos olhos. Quanto mais melanina, mais escura a pele.
Ainda não conseguimos explicar o mecanismo de incidência do sol na coloração da pele, nem como isso se transfere hereditariamente, mas sabemos muito bem, por outro lado, que a síntese da vitamina D depende diretamente dos raios ultravioleta”, revela Langaney. Presentes em maior quantidade nas zonas tropicais, esses raios são menos absorvidos por peles escuras do que pelas claras. A falta de vitamina D, por sua vez, causa raquitismo. “Basta uma simples olhadela no mapa-múndi para notar que, geograficamente, de acordo com a região em que se estabeleceram, as populações são menos ou mais claras.” Antes das grandes migrações que, a partir do século XVI, marcaram a história da humanidade, todos os grupos de pele mais escura se situavam nas zonas tropicaisenquanto os mais claros são sempre aqueles próximos das latitudes mais altas. Ao mesmo tempo, zonas intermediárias, como as Filipinas ou a Índia, são ocupadas por pessoas de cores igualmente intermediárias.
Segundo a teoria mais aceita atualmente, os homens que migraram da África Central ou do Oriente Próximo em direção ao norte teriam mudado de cor de pele para melhor absorver os raios ultravioleta . Assim, escapariam à ameaça do raquitismo, já que o Sol aparecia menos por lá do que nas terras de onde, supõe-se, vieram.
Além disso, tudo leva a crer que as diferenças de cor que notamos entre um negro e um asiático, por exemplo, ocorreram há pouco tempo na escala de desenvolvimento da humanidade. Principalmente quando comparadas com características essenciais: é quase certo que o código genético que determina que todos tenham 4,5 metros quadrados de pele antecedeu em muito o que determina a coloração da pele. Para usar o mesmo exemplo, a cor da pele parece levar de 20.000 a 40.000 anos para se modificar.A conclusão vem do fato de a América ter sido povoada, a partir da Ásia do Norte, há não mais de 40.000 anos. Este intervalo teria sido suficiente para que a incidência solar dos trópicos fizesse efeito e escurecesse as populações que ali se estabeleceram, os ameríndios. “E o que são 40.000 anos diante dos 4 milhões de anos que forjaram biologicamente a espécie humana?”, pergunta Langaney.
Assim como a cor da pele, as estaturas também parecem estar ligadas ao tipo de meio ambiente eleito por uma população. E não deve ter sido necessário muito mais tempo do que o gasto nas mudanças de cor para que populações africanas desenvolvessem estaturas tão discrepantes como entre pigmeus (1,50 metro), habitantes da floresta equatorial, e os saras (1,80 m) que habitam zonas áridas do continente. É certo que a transformação das sociedades rurais agrícolas em sociedades urbanas industrializadas interferiu violentamente nessa divisão: um estudo da média de altura dos recrutas militares franceses entre 1880 e 1970 mostra que a população masculina do país chegou a crescer 7 centímetros nesses noventa anos. As exceções só confirmam a regra.
A seu modo, Sforza também reforça a tese de que as diferenças aparentes são mais ligadas a fatores climáticos e ambientais do que a origens distintas. Em sua árvore genealógica, a cor da pele não é um critério e nada impede que brancos e negros saiam da mesma família. Os branquelos lapões do norte europeu vieram do mesmo grupo — caucasianos — que originou os escuros berberes da África. As diferenças, assim como a distância genética, portanto, foram adquiridas através do tempo. Quanto mais distantes geograficamente, menos as populações se parecem. “A rede genética mostra que as discordâncias se fizeram durante a colonização do mundo”, esclarece Langaney.
Embora a cadeia genética de cada uma dessas famílias tenha sofrido alterações à medida que elas se afastavam e se subdividiam, nenhuma desenvolveu qualquer tipo de gene específico. Recentemente, Sforza demonstrou que, além da coincidência geográfica,a familiaridade genética se superpõe quase sempre a uma familiaridade lingüística. Ou seja, quanto mais geneticamente próximos os grupos, mais suas línguas se correspondem.
Arqueologicamente, hoje poucos duvidam da origem africana do “homem moderno”: supõe-se que ele surgiu entre a África Central e o Oriente Próximo, há 100.000 ou 150.000 anos. Pelo menos é o que indicam seus vestígios mais antigos, entre 100.000 e 125.000 anos, encontrados no continente africano. Mas foi com a descoberta do Homem de Qafzeh, um crânio desenterrado na Palestina, que a tese da migração do Homo sapiens sapiens começou a se concretizar: Eva, o nome dado ao mais perfeito exemplar do passado humano, viveu há 92.000 anos. Para Sforza, a data-chave do momento em que os ramos africanos e não-africanos se separaram para iniciar a grande andança, espalhando tipos tão diferentes pelos quatro cantos do mundo que, às vezes, é difícil acreditar virem todos do mesmo ancestral. Para Langaney e Sforza, apenas mais uma prova da sabedoria do velho ditado popular: as aparências realmente enganam.
É amigo leitor, podemos dizer filosoficamente: os nossos sentidos nos enganar….
Abraços do Benito Pepe
Dizem que Cronos devorava seus filhos, pois, temia o que o destinho lhe tinha preparado: Ser destronado e morto por um destes. O que de fato aconteceu ao Réia salvar o pequeno Zeus que mais tarde matou Cronos e tirou seus irmão da barriga do pai.

Destino, és inexorável,
mesmo com Cronos, fostes implacável.
Não nos deixa escolha
em suas peripécias...
Não há  quem o tolha,
com pedidos ou falácias.

Traças um caminho
para que  todo o ser
possa percorrer
ora acompanhado, ora sozinho.
Por vezes é longo,
cheio de espinhos,
outras breve, como um ditongo...

Mas, sempre soas o gongo!




Haikai
Raí, cai!
Ai!Cai..


Como posso

ser sua  

canção?

Como posso

 ser sua 

inspiração?


Como posso 

não ser 

sua invenção? 

Como posso 

não ser

sua motivação? 


Como você

pode ser 

minha divagação?

Paradigmas.
Pará! Diga-me.
Para Di: gamei!

Luzia Escongisk

Não há pressa
o tempo passa
espero seu silenciar
para que eu possa
enfim, silabar
o seu andar,
o seu falar,
o seu olhar...
o nosso amar.

Não há pressa
o tempo voa
pensamentos a beça
estou atoa
esperando que você peça
debaixo da garoa
que eu te impeça
que se apague a nódoa,
que minhas palavras, meça.

Não há pressa
talvez, efeitos do vinho
gira minha cabeça
a procura de carinho.
Tendo esperança
de que não fiques sozinho...

Luzia Escongisk








domingo, 22 de julho de 2012

Mary Wigman e a dança do expressionismo


Artigo fantástico sobre Dança Expressionista. Boa leitura!!!



Por Lígia Helena e Luanda Eliza
O expressionismo alemão

Para o expressionismo, sobretudo germânico, “a arte era muito mais do que um aspecto da atividade humana”. Em última análise, ela circunscrevia o único momento em que a subjetividade podia dar provas de sua potência, num mundo em que os limites impostos pelos processos objetivos praticamente anulavam qualquer autonomia do sujeito.
Paralelamente aos impulsos pioneiros dos dançarinos alemães, desde antes da Primeira Guerra Mundial, uma geração de professores e coreógrafos alemães, incluindo Laban e Wigman, buscou libertar o vocabulário da dança dos rígidos códigos do ballet clássico e criou um novo tipo de dança. A tentativa era de usar o movimento para expressar as suas emoções mais profundas a fim de alcançar leis universais de expressão.
A dança moderna na Alemanha se desenvolveu principalmente como uma busca por essências que respondessem à grande ansiedade e inquietude características do conceito histórico da I Guerra e das então recentes elaborações da psicanálise de Freud. A resposta a esses fatos foi um movimento para dentro. Para os dançarinos, como para toda uma geração de artistas expressionistas, a única verdade viria das emoções internas, já que a realidade exterior não se mostrava confiável.
As outras influências poderosas na formação do expressionismo alemão vieram da tradição austro germânica do cabaré, com seu desejo de transformar a vida cotidiana em eventos artísticos, e do conceito de Nietzsche de um “novo homem”.

Primeiras referências

Marie Caroline Sofie Wigmann (1886-1973), Mary Wigman, começou na dança pela Escola Rítmica de Dalcroze, que formulou um sistema de ensino segundo o qual a educação auditiva deveria começar por um senso rítmico que é basicamente muscular, estipulou assim que o corpo era o instrumento primordial para assimilação da música. Teria importante repercussão sobre a nascente dança moderna através de seus três princípios: 1. O desenvolvimento do sentido musical passa pelo corpo inteiro. 2. O despertar do instinto motor conscientiza as noções de ordem e equilíbrio. 3. A ampliação da faculdade imaginativa se faz por livre troca e íntima união entre o pensamento e o movimento corporal.
No entanto, Mary Wigman, rompe com ele por discordar de seu insistente método de contagem do ritmo, que destruía a imaginação do movimento. Na mesma época um amigo, Emil Nolde, pintor expressionista que foi influência fundamental na primeira fase de seu trabalho como criadora (com suas máscaras que inspiraram-lhe uma dança trágica de movimentos sôfregos) lhe fala sobre Rudolf Von Laban: “Ele se move como você e dança como você, sem música.”
Laban é criador de um método de registro gráfico dos movimentos corporais, o Labanotation, com o objetivo de provar que o movimento corporal determina todas as formas de arte, pois encerra a energia básica para qualquer modo de expressão.
Wigman tornou-se então aluna e, depois, assistente de Laban quando compôs seu primeiro solo Wich Dance (Dança da Bruxa), uma dança que se utilizava da máscara e que ficou marcada para ela e seu mentor por ser absolutamente revolucionária.
Durante este encontro com Laban, Wigman afirma ter descoberto a si mesma, encontrando a concepção sobre o movimento como fonte de análise introspectiva, contrapondo-se a mera ilustração da realidade fornecida pela mímica.

Ausdruckstanz: a dança do expressionismo


“Quem foi o louco que afirmou que a dança depende da música.”
Mary Wigman


Wigman não se limitou a propagar modelos apreendidos, para ela era necessário construir uma nova arte, então desenvolveu sua própria dança que ficou conhecida como Ausdrucktanz (literalmente, a dança da expressão).
Criou obras solo e de grupo nas quais personagens eram substituídos por tipos universais, genericamente chamados MULHER, MORTE, DOR. Através de seus gestos ela criava alegorias que funcionavam como ampliações coreográficas da vida. A dança de Wigman centrava-se na oscilação das emoções humanas, pois tentava sintetizar os pólos opostos da tensão e do relaxamento, da contração e da expansão. Em Evening Dances (Danças Noturnas) Wigman condensava as forças de Deus e do demônio dentro dela própria.
Em busca de uma “arte alemã pura e essencial”, Wigman faz a coreografia de uma época sofrida, quando a Alemanha, recém saída de uma guerra, encaminha-se para outra, motiva-se pelo grotesco e pelo demoníaco, explorando estados emocionais primitivos, expressos em movimentos abstratos que usavam o corpo inteiro dos intérpretes. Canções de Tempestade e Totenmal (Monumento aos mortos) são afrescos sobre o caos existencial e o horror da guerra, cabeça baixa, ombros caídos e braços crispados. Sua conquista pelo espaço assume aspecto belicoso, levando o corpo a uma movimentação tensa como a de um guerreiro que persegue o inimigo.
Para ela a dança deveria ter liberdade para expressar individualidades através da humanidade que o bailarino poderia expressar e não pela forma. Ao fazê-lo a coreógrafa criou um tipo de dança que deveria personificar a própria emoção. Em algumas coreografias os dançarinos usavam máscaras, recurso que despersonalizava os intérpretes, transformando-os em tipos e emoções universais, ocultos sob formas ameaçadoras e rígidas o rosto transfere para o corpo todo o potencial emotivo. Eles tentavam assumir uma estrutura sobre-humana, num eco do novo homem de Nietzsche, que influenciava sua criação pelo seu pensamento: “Apenas pela dança eu posso falar adequadamente das coisas maiores.”
Wigman também rejeitava a utilização interpretativa da música julgando-a outro modo de sujeição. Dizia que a música não podia preexistir à dança e que, por isso, o trabalho do compositor e do coreógrafo deveria realizar-se ao mesmo tempo. Frequentemente coreografou sem música servindo-se do ritmo marcado por pés descalços ou por pequenos conjuntos de percussão. Tal despojamento enfatizava ainda mais o caráter trágico de sua dança.
Outro preceito: a dança não conta uma história. Concentra em símbolo ou mito aquilo que está nascendo. Logo seu caráter narrativo, aceito por outros pioneiros da escola moderna jamais encontrara lugar nas criações de Wigman.
Como pedagoga Wigman não tratava seu trabalho como aula, mas como práticas de dança. Ela introduziu uma qualidade emocional ao seu movimento e encorajou seus alunos a encontrarem sua própria individualidade, serem eles mesmos, não copiarem, mas sentirem o movimento. Sua dança culminava num improviso do grupo. Seus movimentos vinham diretamente da respiração. Entre seus muitos discípulos destaca-se Hanya Holm, que radicando-se nos Estados Unidos perpetuou o estilo de Wigman. Porém a mestra afirma não considerar a criação de Holm como continuidade de seu método e sim apenas o uso da técnica como preparo corporal.
Considerando degenerado seu tipo de arte os nazistas fecharam a escola de Wigman em Dresde e ela passou o período da guerra vigiada. Depois de 1945 reabriu sua escola em Berlim Ocidental, continuando também a frente de sua companhia.
Sua última coreografia, feita aos 56 anos, é o que Wigman chama de “Agradecimentos e Despedida”, um pequeno poema lírico composto pela própria dançarina.

Bibliografia

- Canton, Kátia. E O PRÍNCIPE DANÇOU, O CONTO DE FADAS, DA TRADIÇÃO ORAL A DANÇA CONTEMPORÂNEA. Ed. Ática.
- Pveynods, Nacy e McCorninck, Malcon. DANCE IN THE TWENTY CENTURY. Yale University Press.
- Bergsohn, Isa Partsch e Bergsohn, Harold. THE MAKERS OF MORDEN DANCE IN GERMAN. Princeton Bool Company.
- Wigman, Mary. THE LANGUAGE OF THE DANCE. Wesleyan University Press.
- Portinari, Maribel. HISTÓRIA DA DANÇA. Editora Nova Fronteira.



Tenhamos todos uma excelente semana, cheia de amor, paz, rock e, é claro, poesia!!!

As danças típicas que embalam os paranaenses


Diferentes ritmos e influências compõem as danças típicas paranaenses. As batidas do fandango no litoral, a homenagem ao patrono da comunidade negra da Lapa e o colorido do pau-de-fita são alguns exemplos.
Quer saber mais? Então veja a seguir algumas das principais danças típicas do nosso estado:
Fandango
Dança típica do litoral paranaense, o fandango está fortemente associado ao modo de vida caiçara. Os versos são cantados ao som de violas e rabecas. A dança pode acontecer em pares ou através dos chamados batidos, quando os homens usam tamancos de madeira, intercalando palmas e batidas no assoalho.
Curitibano
O curitibano é uma dança de roda praticada aos pares, conhecida especialmente no município de Campo Largo. Ao ritmo da música tocada em gaita, as quadrilhas cantam declarações de amor, despeitos e ciúmes. Os rapazes tiram versos, as moças respondem e os casais vão dançando. A encenação só termina quando todos os pares tiverem cantado.
Quebra-Mana
Também conhecida como quero-mana, é uma dança popular não apenas no Paraná, mas no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Sua execução é sapateada, valsada e acompanhada por violas e palmas.
Nhô-Chico
Também popular do litoral, o nhô-chico é uma das danças originárias do fandango, mas tida como nascida da marinha paranaense. Formados em roda, os pares volteiam e sapateiam ao som de violas e do canto dos violeiros.
Dança de São Gonçalo
Originária de Portugal, a dança de São Gonçalo é praticada em alguns locais do interior do Paraná, com registros também na Ilha dos Valadares. A cerimônia que envolve reza e procissão acontece em torno da imagem do santo. A dança, acompanhada de música de viola, é dividida em partes, chamadas de ‘voltas’. No Paraná, essas ‘voltas’ têm nomes especiais,como ‘marcapasso’, ‘parafuso’, ‘despontam’, ‘confissão’ e ‘casamento’.

Pau-de-fitas
Trazida para a Região Sul do Brasil por colonos alemães, essa dança está presente em muitas festas típicas. Um mastro de três metros de comprimento é colocado em pé e nele fica amarrado um conjunto de fitas de variadas cores. O pau-de-fitas não tem uma música específica, sendo acompanhada geralmente por conjuntos de violão, cavaquinho, pandeiro e acordeom.
Congada da Lapa
Manifestação cultural típica do Paraná, a congada está ligada ao culto a São Benedito, patrono espiritual da comunidade negra da Lapa. A manifestação veio dos descendentes de escravos e graças a eles se manteve. A participação na dança é restrita a descendentes de africanos e devotos de São Benedito, não sendo permitida a participação de outras etnias.
Boi de Mamão
Apesar de ser uma manifestação folclórica típica de Santa Catarina, também é verificada no Paraná. Trata-se de um auto em tom cômico, mas com um elemento central dramático: a morte e a ressurreição do boi. Apresenta elementos comuns com o bumba-meu-boi nordestino e também outras atividades como a dança do pau-de-fitas.

Fontehttp://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/retratosparana/curiosidades/conteudo.phtml?id=1197006

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A tortura no Regime Militar


Excelente texto, leiam por favor.  Original Aqui.


O século XX ficou marcado como o século dos genocídios. A presença de regimes opressivos e totalitários, que se mantiveram através da força bruta, originaram os métodos científicos de tortura, disseminados por todas as nações do planeta. Quem pensa que a tortura é fruto do século que passou engana-se, desde os primórdios da história universal que o homem convive com ela. Dos antigos egípcios aos mesopotâmios, da inquisição medieval aos regimes totalitaristas nazistas, fascistas e stalinistas; a tortura foi uma forma que se desenvolveu para extrair depoimentos de oposicionistas, intimidar a população e consolidar os governos ilegítimos, construídos sem a participação ou o consentimento popular.
No Brasil do século XX, a tortura foi praxe nos dois maiores períodos ditatoriais que o país viveu, na época do Estado Novo (1937-1945) e do regime militar (1964-1985), sendo institucionalizada neste último período, banalizando-se e revelando-se como um método eficaz de garantir um Estado de ilegalidade.
Foi durante a ditadura militar que as maiores atrocidades foram cometidas contra os que se opunham ao regime. Neste período os estudantes, os intelectuais, os engajados políticos, foram as principais vítimas do sistema que contestavam. Em plena Guerra Fria, a elite brasileira posicionou-se do lado dos Estados Unidos e da direita ideológica. Ser comunista passou a ser terrorista. Combatê-los era, segundo a visão do regime, defender a pátria de homens que comiam criancinhas, pregavam o ateísmo e destruíam as igrejas e os conceitos familiares. No engodo de proteger o Brasil da ameaça comunista, instalou-se uma ditadura, que para manter os princípios da caserna ortodoxa, calou, torturou e matou sem o menor constrangimento, centenas de brasileiros.
A tortura durante o período do regime militar não livrou o Brasil dos militantes de esquerda, tão pouco destituiu da mente das pessoas o direito à liberdade de expressão que todos sonhavam. Se na sua propaganda o regime salvou o Brasil de terroristas comunistas, nos seus porões ela garantiu a sobrevivência de 20 anos de um Estado ilegítimo, feito sob a força bruta e o silêncio dos seus cidadãos.Identificação dos Torturados
Para que se perceba os princípios que regeram a tortura na época do regime militar, é preciso que se perceba também quem eram os torturados, ou os que se enquadravam nesse perfil de sórdida arbitrariedade. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa e o mundo foram divididos pelos aliados vencedores e por suas ideologias. Objetivamente, Estados Unidos e União Soviética formaram duas forças antagônicas que ao encerrarem uma guerra, construíram uma outra, a chamada Guerra Fria.
Antes de entrar no turbilhão da Guerra Fria e posicionar-se em um dos lados, o Brasil encerrou a ditadura do Estado Novo, em 1945. Em 1946 o país promulgou uma nova Constituição, entrando numa nova fase democrática. Graças à nova Constituição, o Partido Comunista do Brasil, que se iria tornar Partido Comunista Brasileiro em 1960, o PCB, existente desde 1922, pôde finalmente ser legalizado. Quando da legalização, o PCB era o quarto partido do país, com dezessete deputados, um senador e a maioria dos vereadores da Câmara do Distrito Federal, na época o Rio de Janeiro.
Em 1947 os princípios da Guerra Fria foram estabelecidos, espalhando-se pelo mundo. Neste ano realiza-se a Conferência Interamericana de Manutenção da Paz e Segurança, em Petrópolis; dela participou o então presidente argentino Juan Perón. Na conferência foi assinado o Tratado de Assistência Recíproca, que permitia a intervenção norte-americana onde quer que a paz e a segurança estivessem ameaçadas. O Brasil entrava para a gestação da Guerra Fria, posicionando-se ao lado dos EUA. Já integrado nos princípios da Guerra Fria, neste 1947, deputados do PTB propuseram a cassação do PCB baseado no texto da Constituição, que vedava qualquer partido que contrariasse em seu programa o regime democrático, e os comunistas, contrários às posições difundidas por Washington, passaram a ser vistos como inimigos do regime vigente. Em outubro o Brasil rompe relações diplomáticas com a União Soviética. O PCB, que obtivera o terceiro lugar do total de votos nas eleições estaduais, tem a legenda cassada numa decisão tomada pela diferença de um voto. No começo de 1948 os deputados, senadores e vereadores eleitos pela legenda tiveram seus mandatos cassados e o PCB entrou definitivamente na clandestinidade. Desde então o partido escondeu-se por trás de outras legendas.
No princípio da Guerra Fria, a doutrina francesa do “inimigo interno” é adotada pelos norte-americanos. O inimigo não era mais uma nação expansionista, como na época da Segunda Guerra Mundial, mas o cidadão invisível, que habitava o seu país, mas era contra o regime nele estabelecido. O inimigo era todo aquele cidadão que se opunha aos princípios da democracia desenhada pelos americanos, da sua visão de mundo livre, posicionando-se favorável ao mundo socialista.
Estabelecido o conceito de “inimigo interno” (no caso os comunistas), a ele juntou-se a doutrina da “segurança nacional”. As Forças Armadas do Brasil e da América Latina, formadas por uma elite histórica e de forte conotação de direita, deixaram-se seduzir por estes conceitos. Dentro da caserna, os princípios que identificavam os “inimigos internos” eram passados hierarquicamente, e esses inimigos ganhavam identidades ideológicas: eram os próprios compatriotas comunistas, os de esquerda e todos aqueles que se opunham ao lado ocidental da Guerra Fria, ou seja, ao regime estabelecido pelos norte-americanos.
Os “inimigos internos” do Brasil, especificamente os comunistas, quando estabelecida a ditadura militar em 1964, paradoxalmente eram considerados traidores dos princípios “democráticos” e tornar-se-iam o principal alvo da tortura, os comunistas seriam os torturados.
Atos Institucionais e Órgãos de Informação Moldam a Ditadura e os Princípios da Tortura
Uma vez estabelecida a ditadura militar no Brasil, em 1 de abril de 1964, era preciso sustentá-la e legitimá-la. Apoiada logisticamente pelos EUA, baseando-se principalmente nos princípios anticomunistas da Guerra Fria, será dentro da Escola Superior de Guerra que se formulará os princípios da doutrina da segurança nacional, tendo como alvo o combate à esquerda, à eliminação dos “inimigos internos”. Para que se estabeleçam tais princípios, atos institucionais e leis repressivas dão legitimidade ao regime, e órgãos de informação são criados para que possam vigiar, identificar e eliminar o inimigo.
Em 9 de abril de 1964 é editado o primeiro Ato Institucional, que passaria para a história como AI-1, que legitimava o governo, estabelecendo 60 dias para que se acabasse o regime de exceção. O AI-1 dava poderes ao regime militar para cassar mandatos, suspendendo os direitos políticos por dez anos. João Goulart, Luiz Carlos Prestes, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e Leonel Brizola são os primeiros cassados. O expurgo atingiu governadores, 50 deputados, 49 juízes, 1200 militares e 1400 civis.
Em 27 de outubro de 1965 foi editado o AI-2, estabelecia-se que as eleições para presidente seriam de forma indireta e sem possibilidades de reeleição; dissolvia os partidos existentes desde 1945, criando o bipartidarismo, formado pela Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido de base de apoio ao regime, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), a oposição consentida. Para garantir a maioria do governo no STF (Supremo Tribunal Federal), o AI-2 aumentava o número de ministros de 11 para 16.
O AI-3 é editado em 5 de fevereiro de 1966, reafirmando o regime militar estabelecido em 1964, definindo as eleições indiretas para os governadores dos estados, com votação nominal nas Assembléias Legislativas estaduais. Estabelecia ainda, que os prefeitos de capitais seriam nomeados pelos governadores. Com este último ato, o governo militar, estabelecido na figura do presidente general Humberto de Alencar Castelo Branco, consolida a ditadura no Brasil.
Legitimada através de atos institucionais, ao mesmo tempo a ditadura criava órgãos para vigiar e manter sob controle o pensamento em todos os setores da população. Sob as perspectivas mencionadas, surgiu, em 13 de junho de 1964, o Serviço Nacional de Informações (SNI), com a finalidade de coordenar por todo o território nacional as atividades de informação e contra-informação, assegurando assim, os conceitos estabelecidos pela doutrina da Segurança Nacional. Criado pelo general Golbery do Couto e Silva, o SNI veio à tona com um acervo de três mil dossiês e cem mil fichas com informações sobre as principais lideranças políticas, sindicais, estudantis e empresariais do Brasil. O SNI espalhou os seus tentáculos por toda a parte, funcionando durante a ditadura como uma polícia secreta comparável às SS de Hitler. Seus agentes infiltrados acompanhavam os considerados subversivos, doutrinavam colaboradores, arrebanhando voluntários por todas as partes, vigiando desde as igrejas aos meios de comunicação.
A partir do SNI, um eficiente mecanismo repressivo foi montado, com métodos eficazes de vigilância e controle sobre o cotidiano dos brasileiros, obedecendo a uma hierarquia. O SNI assessorava diretamente ao presidente do Brasil; os ministérios eram atendidos pelas DSIs (Divisões de Segurança e Informação); sendo os ministérios civis, autarquias, empresas e órgãos públicos atendidos pelas ASIs (Assessorias de Segurança e Informações).
Órgãos de Informação Militares e das Polícias Federais e Civis Exercem a Tortura
Subordinados ao SNI, órgãos de repressão e tortura foram estabelecidos. Dentro das Forças Armadas, as três armas montaram individualmente os seus centros de informação.
No governo de Castelo Branco o Exército quis criar o seu centro de informações, mas com as restrições do presidente, o CIEX (Centro de Informações do Exército) só teve o seu projeto implementado no governo Costa e Silva. O CIEX teria grande alcance nacional, tornando-se um dos principais órgãos de tortura e repressão.
A Marinha tinha o seu órgão de informações, o CENIMAR (Centro de Informações da Marinha), desde 1955, para tratar das questões fronteiriças e da diplomacia. Aos poucos o órgão foi perdendo as suas reais funções, enredando-se cada vez mais na política repressiva, especializando-se em combater a luta armada.
Em 1968 a aeronáutica toma a iniciativa de criar o seu órgão de informações, CISA (Centro de Informações da Aeronáutica), sendo os seus mentores treinados no exterior. Mas a sua montagem só ocorreu já no governo Médici, adotando em 1970, a estrutura de combate e repressão à luta armada, tendo grande atuação na repressão aos guerrilheiros.
Ainda subordinados ao SNI estavam a polícia federal e as polícias estaduais e o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). A partir de 1969, surgiu em São Paulo a Operação Bandeirantes (Oban), organização clandestina, formada por militares, agentes e delegados civis e federais, que torturavam e desapareciam com militantes comunistas. A Oban agia à margem da lei, tornando-se poderosa, financiada por grandes empresas como a General Motors, Ford e Ultragaz. A experiência da Oban serviu para unir todos os órgãos repressivos, desde então passaram a atuar em conjunto os órgãos de informação da polícia federal, polícia militar e DOPS. Em janeiro de 1970 foram criados os DOI (Departamento de Operações e Informações) e os CODI (Centro de Operação e Defesa Interna). O DOI-CODI na prática integrava todos os órgãos repressores e legalizava a Oban.
O DOI-CODI transformar-se-ia numa máquina de repressão e tortura, estendendo os seus tentáculos além das fronteiras do país, infiltrando-se no Chile, Uruguai, Bolívia e Argentina. O DOI-CODI, assim como a antiga Oban, recebia grandes recursos financeiros, sendo dotado de tecnologia, tendo as suas atividades orientadas pela lógica da disciplina militar.
Todos estes órgãos institucionalizaram a tortura, constituindo um grande aparelho repressivo que agiria de forma brutal e sanguinária sobre aqueles que contestavam o regime militar. Agentes especiais eram formados na ESNI (Escola Nacional de Informações), criada em 1971. Os melhores alunos eram enviados para o Panamá, cursando a Escola das Américas, mantida pela CIA, lugar onde formaram grandes ditadores militares, que depois de um golpe, assumiram o poder em vários países da América Latina.
Em dezembro de 1968 Costa e Silva fechou o Congresso, o AI-5 foi decretado, dando plenos poderes ao presidente e, entre outras coisas, abolindo o hábeas corpus aos presos políticos, legalizando a tortura. Nos ventos do AI-5, foi promulgado em 1969 o AI-14, que estabelecia a pena de morte, a prisão perpétua e o banimento do país dos que eram considerados terroristas e atentavam contra a nova Lei de Segurança Nacional.
A Tortura Propriamente Dita
A tortura do regime militar instalou-se no Brasil desde o primeiro dia que foi dado o golpe, em 1 de abril de 1964. A primeira vítima de tortura foi o líder camponês e comunista Gregório Bezerra. No dia do golpe, o coronel Vilocq amarrou Gregório Bezerra com cordas, ordenando que soldados o arrastasse pelas ruas de Recife, humilhando-o com vitupérios verbais, espancando-o com uma vareta de ferro. O coronel incitava o povo para ver o “enforcamento do comunista”. Diante do horror, religiosos telefonaram para o general Justino Alves Bastos, que pressionado, impediu um martírio. Gregório Bezerra levou coronhadas pelo corpo, além de ter os pés queimados com soda cáustica. No dia do golpe, Recife foi um dos lugares que mais sofreu atrocidades dos golpistas, tendo civis agredidos e mortos em passeatas que protestavam a favor da democracia.
Um mês depois do golpe, presos políticos eram conduzidos para o navio Raul Soares, rebocado do Rio de Janeiro até o estuário de Santos, litoral paulista. A prisão flutuante era dividida em três calabouços, batizados com nomes de boates famosas da época: El Moroco, salão metálico, sem ventilação, ao lado da caldeira, ali os prisioneiros eram expostos a uma temperatura que passava dos 50 graus; Night in Day, uma pequena sala onde os presos ficavam com água gelada pelos joelhos; Casablanca, lugar que se despejava as fezes do navio. Os três calabouços eram usados para quebrar a resistência dos presos. Sindicalistas e políticos da Baixada Santista passaram pela prisão flutuante do Raul Soares, que foi desativada no dia 23 de outubro de 1964.
Mesmo diante de tantas evidências, o governo militar jamais admitiu que havia tortura no Brasil, o presidente Castelo Branco chegou a negar publicamente a existência de truculência em seu governo. Mas contrariamente às palavras do presidente, no dia 24 de agosto de 1966, foi encontrado boiando no rio Jacuí, afluente do rio Guaíba, em Porto Alegre, o corpo do sargento Manoel Raimundo Soares, já em estado de putrefação, com as mãos amarradas para trás. O sargento fazia parte dos militares expurgados do exército por causa do seu envolvimento com a militância política no governo João Goulart. O seu corpo trazia marcas de tortura, causando grande comoção e revolta da população na época. Este foi o primeiro caso de tortura e morte que causou grande repercussão, ficando conhecido popularmente como o “caso das mãos atadas”. Os militares prometeram investigar as circunstâncias da morte do sargento e punir culpados, mas arquivaram o caso e jamais tiveram o trabalho de investigá-lo.
Os Métodos de Tortura nos Porões Militares
Quanto mais tempo durava o regime militar, mais pessoas faziam oposição às atrocidades por ele cometidas. Estudantes, padres, intelectuais e vários setores da sociedade passaram a contestar o regime. Aumentava a contestação, a resposta era a intensificação da tortura, conseqüentemente, a sofisticação dos métodos ocasionava um grande número de mortos.
Métodos científicos de tortura foram desenvolvidos. Monstros torturadores escreveriam o seu nome em letras gigantes nas páginas pungentes da história do Brasil. Nomes como o de Sérgio Fleury, uma espécie de Torqueimada da ditadura militar. Fleury levou a tortura para as celas do DOPS de São Paulo, situado na Luz, no prédio que é hoje a Pinacoteca do Estado. Outro lugar de tortura em São Paulo era o DOI-CODI do Paraíso, conhecido como a Casa da Vovó. Os prisioneiros chegavam às mãos de Fleury e dos seus homens já espancados e feridos, sangrando e muitos vezes, já agonizantes. Ali eram pendurados no pau-de-arara, recebendo descargas elétricas. Furadeiras elétricas eram usadas para perfurar corpos, navalhas rasgavam a carne, cigarros queimavam órgãos genitais, mulheres sofriam abusos sexuais. Socos, pontapés, afogamentos, eram complementos às torturas, que ficavam cada vez mais elaboradas.
Os métodos de tortura engendrados recebiam diversos nomes simbólicos, entre eles, os mais comuns registrados e confirmados por aqueles que os sofreu, são:
Pau-de-Arara – O preso era posto nu, abraçando os joelhos e com os pés e as mãos amarradas. Uma barra de ferro era atravessada entre os punhos e os joelhos. Nesta posição a vítima era pendurada entre dois cavaletes, ficando a alguns centímetros do chão. A posição causava dores e atrozes no corpo. O preso ainda sofria choques elétricos, pancadas e queimaduras com cigarro. Este método de tortura já existia na época da escravidão, sendo utilizado em várias fases sombrias da história do Brasil.
Cadeira do Dragão – Os presos eram sentados nus em uma cadeira elétrica, revestida de zinco, ligada a terminais elétricos. Uma vez ligado, o zinco do aparelho transmitia choques a todo o corpo do supliciado. Os torturadores complementavam o mecanismo sinistro enfiando um balde de metal na cabeça da vítima, aplicando-lhe choques mais intensos.
Choques Elétricos – O torturador usava um magneto de telefone, acionado por uma manivela, conforme a velocidade imprimida, a descarga elétrica podia ser de maior ou menor intensidade. Os choques elétricos eram deferidos na cabeça, nos membros superiores e inferiores e nos órgãos genitais, causando queimaduras e convulsões, fazendo muitas vezes, o preso morder a própria língua. As máquinas usadas nesse método de tortura eram chamadas de “maricota” ou “pimentinha”.
Balé no Pedregulho – O preso era posto nu e descalço em local com temperatura abaixo de zero, sob um chuveiro gelado, tendo no piso pedregulhos com pontas agudas, que perfuravam os pés da vítima. A tendência do torturado era pular sobre os pedregulhos, como se dançasse, tentando aliviar a dor. Quando ele “bailava”, os torturadores usavam da palmatória para ferir as partes mais sensíveis do seu corpo.
Telefone – Entre as várias formas de agressões que eram usadas, uma das mais cruéis era o vulgarmente conhecido como “telefone”. Com as duas mãos em posição côncava, o torturador, a um só tempo, aplicava um golpe violento nos ouvidos da vítima. O impacto era tão violento, que rompia os tímpanos do torturado, fazendo-o perder a audição.
Afogamento na Calda da Verdade – A cabeça do torturado era mergulhada em um tambor, balde ou tanque cheio de água, urina, fezes e outros detritos. A nuca do preso era forçada para baixo, até o limite do afogamento na “calda da verdade”. Após o mergulho, a vítima ficava sem tomar banho vários dias, até que o seu cheiro ficasse insuportável. O método consistia em destruir toda a auto-estima do torturado.
Afogamento com Capuz – A cabeça do preso era encapuzada e afundada em córregos ou tambores de águas paradas e apodrecidas. O prisioneiro ao tentar respirar, tinha o capuz molhado a introduzir-se nas suas narinas, levando-o a perder o fôlego, produzindo um terrível mal-estar. Outra forma de afogamento consistia nos torturadores fecharem as narinas do preso, pondo-lhe, ao mesmo tempo, uma mangueira ou um tubo de borracha dentro da boca, obrigando-o a engolir água.
Mamadeira de Subversivo – Era introduzido na boca do preso um gargalo de garrafa, cheia de urina quente, normalmente quando o preso estava pendurado no pau-de-arara. Usando uma estopa, os torturadores comprimiam a boca do preso, obrigando-o a engolir a urina.
Soro da Verdade – Era injetado no preso pentotal sódico, uma droga que produz sonolência e reduz as inibições. Sob os efeitos do “soro da verdade”, o preso contava coisas que sóbrio não falaria. De efeito duvidoso, a droga pode matar.
Massagem – O preso era encapuzado e algemado, o torturador fazia-lhe uma violenta massagem nos nervos mais sensíveis do corpo, deixando-o totalmente paralisado por alguns minutos. Violentas dores levavam o preso ao desespero.
Geladeira – O preso era posto nu em cela pequena e baixa, sendo impedidos de ficar de pé. Os torturadores alternavam o sistema de refrigeração, que ia do frio extremo ao calor exacerbado, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes. A tortura na “geladeira” prolongava-se por vários dias, ficando ali o preso sem água ou comida.
As mulheres, além de sofrer as mesmas torturas, eram estupradas e submetidas a realizar as fantasias sexuais dos torturadores. Poucos relatos apontaram para os estupros em homens, se houveram, muitos por vergonha, esconderam esta terrível verdade.
O Que Fazer aos Corpos dos Mortos Pela Tortura
Para que se desenvolvessem métodos tão sofisticados de tortura, praticados com grandes requintes, era preciso que o governo militar desenvolvesse a propaganda do culpado, cada torturado era culpado, era o temível comunista que assaltava bancos, o terrorista que comia criancinhas, que ameaçava a família, assim, era criado o preconceito contra os torturados, que eram culpados e merecedores de todos os suplícios que se lhe eram impostos em uma sala de tortura.
Os recrutados para exercer a tortura eram indivíduos que recebiam favorecimentos dos seus superiores, gratificações e reconhecimento de heróis, pois ajudavam a livrar o país dos terroristas comunistas. Eram pessoas intimamente agressivas, com desvio de personalidade, que legitimadas em seus atos sem limites, tornavam-se incapazes de ter sentimentos por quem torturava.
Se por um lado a tortura coibia, causava medo e terror em quem se deixara apanhar e, principalmente, em quem ainda estava livre, militando na clandestinidade, por outro lado ela causava um grande problema, como esconder os torturados mortos. O que fazer com os corpos, uma vez que o regime militar negava veementemente a existência da tortura nos seus calabouços?
Para resolver o problema dos torturados mortos, médicos legistas passaram a fornecer laudos falsos, que escondiam as marcas da tortura, justificando a morte da vítima como sendo de causas naturais. Muitos dos mortos pela repressão tinham no laudo médico o suicídio como a causa mais comum, vários foram os “suicidas” da ditadura. Outras causas que ocultavam a tortura nos laudos eram a dissimulação de atropelamentos, acidentes automobilísticos ou que tinham sido mortos em tiroteios com a polícia, jamais eram reveladas as torturas.
Muitos legistas chegavam a apresentar laudos de torturados mortos como se desfrutassem da mais perfeita saúde. Quando não se podia ocultar as evidências da tortura, muitos cadáveres eram enterrados como anônimos, sem que os familiares jamais soubessem o que aconteceu aos corpos dos seus mortos. As valas clandestinas dos mortos da ditadura ocultavam dos familiares a marca das torturas neles praticadas. Entre os médicos legistas que assinaram laudos falsos para encobrir a tortura, tornaram-se notórios Harry Shibata, Isaac Abramovitch e Paulo Augusto Queiroz Rocha.
Mas nem sempre os falsos laudos conseguiram esconder a tortura. Em novembro de 1969, Chael Charles Schreier, militante da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), foi preso, torturado e morto. O seu corpo foi enviado para um hospital, portanto ele já estava morto quando lá deu entrada. No relatório do exército, foi dito que Chael Charles Schreier ao ser preso com dois outros companheiros, reagira violentamente com disparos de revólver. Na troca de tiros, os três terroristas saíram feridos, sendo Chael o que estava em estado mais grave, sendo medicado no hospital, entretanto Chael sofreu um ataque cardíaco, vindo a falecer. O que os militares não sabiam é que Chael era judeu, e que para ser sepultado nas tradições da sua família, era realizado o ritual da lavagem do corpo. Durante o ritual, constatou-se que Chael não tinha morrido por um ataque cardíaco, muito menos por ferimentos de balas, mas sim por tortura. O caso veio à tona, tornando-se matéria da revista “Veja” em dezembro daquele ano, a revista trazia na capa o título “Tortura”. Esta exposição constrangeu profundamente o governo do presidente Médici, apesar da reportagem da “Veja” isentá-lo da culpa da tortura e da morte de Chael, responsabilizando os que cercavam o presidente, sem citar nomes ou culpados.
Outro laudo falso, assinado por Harry Shibata, foi o que dizia que a causa da morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida nos porões da ditadura, em 1975, tinha sido suicídio. Desmascarada a farsa, o assassínio de Herzog por tortura teve grande repercussão, fazendo com que o então presidente, general Ernesto Geisel, admitisse que havia tortura nos porões da ditadura, iniciando um processo para desmantelar a máquina científica da institucionalização de tão vergonhosa e sanguinária prática. Também o caso da morte do operário Manoel Fiel Filho alcançou repercussão nacional, provando que a ditadura torturava e matava os seus opositores.
Conseqüências da Tortura no Brasil do Regime Militar
A tortura na ditadura militar tornou-se um instrumento fundamental para assegurar, através do medo e da repressão, a ideologia da caserna, amparada pela Guerra Fria e justificada pelos militares como necessária numa época de perigo à segurança nacional, ameaçada por terroristas comunistas.
Durante o período da ditadura militar, o povo brasileiro foi excluído do direito de participar da vida nacional. Através da força bruta, refletida na tortura, criou-se o medo na população, que por algumas décadas inibiu-se até mesmo dos direitos civis e de consumidor, formando um pacifismo involuntário que se tornou uma característica manipulada do brasileiro.
O governo instalado no dia 1 de abril de 1964, manteve-se contrariando todos os princípios que regem os direitos humanos, traduzidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948. Estes direitos foram negligenciados pelos Estados Unidos, que para manter a sua ideologia e democracia interna, apoiou e financiou sangrentas ditaduras militares em toda a América Latina, exportando para esses países, seus sofisticados métodos de tortura e combate ao perigo da ideologia soviética.
Na violação dos direitos humanos, americanos ensinavam aos policiais brasileiros a seqüestrarem mendigos, e neles desenvolverem métodos eficazes de tortura, que seriam usados nos inimigos do regime.
No período mais intenso da tortura militar, no início da década de setenta, os brasileiros foram ideologicamente divididos pelo governo em dois grupos: o grupo dos “verdadeiros cidadãos” e o grupo dos “inimigos internos”, tornando o princípio arbitrário a principal arma de propaganda difundida pelo regime.
Oficialmente, os inimigos internos do regime militar no período de intensificação total da tortura, de 1969 a 1974, eram os guerrilheiros e revolucionários de esquerda, vistos como terroristas, e que militavam principalmente, no Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8); Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares); Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Partido Comunista do Brasil (Pc do B), que promoveu a Guerrilha do Araguaia; Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), liderada por Carlos Lamarca, que se tornou ao lado de Carlos Marighella, os principais inimigos do regime; a Ação Libertadora Nacional (ALN), que de destacou na guerrilha urbana; e, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), combalido por sucessivas divisões que deram origem à maioria dos grupos de resistência à ditadura mencionados. Das organizações citadas, cinco a seis mil pessoas participou da luta armada, um número insignificante quando o país chegava a 100 milhões de habitantes, não justificando a máquina mortífera que as polícias brasileiras e as Forças Armadas criaram, sustentadas na aplicação da tortura como método de repressão.
Além dos mortos e desaparecidos (também mortos, mas jamais tendo sido encontrados os seus corpos), a tortura deixou danos indeléveis aos que sobreviveram a ela, levando alguns ao suicídio, como aconteceu ao dominicano Frei Tito de Alencar Lima. Os que sobreviviam à tortura, eram permanentemente ameaçadas e vigiadas pelo regime opressivo. Até hoje, os torturados têm dificuldade na sua maioria, em falar dos horrores que sofreram nos porões da ditadura.
Os que ousaram a contestar a ditadura eram na sua maioria, jovens idealistas, muitos politizados e engajados, outros em processo de politização, que se atiravam aos ideais, dispostos até mesmo a morrer por eles. A maioria dos torturados que morreram eram jovens.
Mas a ditadura não matou somente os opositores engajados, os chamados comunistas, guerrilheiros e revolucionários, vários foram os inocentes apanhados nas malhas da delação, que pereceram sob tortura sem jamais descobrirem porque estavam a ter tão nefasto destino. Aos inocentes a tortura poderia ser mais intensa, já que nada sabiam, nada podiam revelar.
Findo o regime militar, a tortura foi justificada pelos ex-presidentes ditadores como um mal necessário, como arma de defesa diante de uma guerra que se vivia. Nenhum torturador foi preso ou punido por seus atos, todos foram beneficiados pela lei da Anistia, que em 1979 anistiou os presos políticos, os exilados e os torturadores da ditadura militar. A tortura continua a ser a maior página negra da recente história do Brasil.
Mortos e Desaparecidos
O modelo de tortura empregado pelos órgãos de informação da ditadura militar chegou a ser exportado para alguins países asiáticos, onde governos repressivos assumiram o poder. Curiosamente, países que adotaram regimes socialistas, como o Camboja, foram os que “importaram” os métodos da direita brasileira.
Uma lista oficial dos mortos e desaparecidos no período da ditadura militar (1964-1985), foi divulgada pelo Grupo Tortura Nunca Mais. São considerados desaparecidos casos que se tem dados da tortura cometida contra o militante e da sua eventual morte, mas que o seu corpo jamais foi encontrado ou identificado. Entre os casos está o do Stuart Edgard Angel Jones, que apesar das evidências do seu assassínio, é oficialmente um desaparecido, uma vez que não apareceu um cadáver para oficializar a sua morte. Os mortos foram divididos na lista como militantes políticos e outros, é o caso de Zuleika Angel Jones, mãe de Stuart, cuja morte jamais foi esclarecida. Segue a lista dos mortos e desaparecidos da ditadura militar. Esta lista pode ser encontrada no site do Grupo Tortura Nunca Mais, onde a ficha de cada morto ou desaparecido é divulgada, podendo ser pesquisada.
Mortes Oficiais:
1964
Albertino José de Oliveira 
Alfeu de Alcântara Monteiro
Ari de Oliveira Mendes Cunha
Astrogildo Pascoal Vianna
Bernardinho Saraiva
Carlos Schirmer
Dilermando Mello do Nascimento
Edu Barreto Leite
Ivan Rocha Aguiar
Jonas José Albuquerque Barros
José de Sousa
Labib Elias Abduch
Manuel Alves de Oliveira
1965
Severino Elias de Melo
1966
José Sabino
Manoel Raimundo Soares
1967
Milton Palmeira de Castro
1968
Clóvis Dias Amorim
David de Souza Meira
Edson Luiz de Lima Souto
Fernando da Silva Lembo
Jorge Aprígio de Paula
José Carlos Guimarães
Luis Paulo Cruz Nunes
Manoel Rodrigues Ferreira
Maria Ângela Ribeiro
Ornalino Cândido da Silva
1969
Antônio Henrique Pereira Neto (Padre)
Carlos Marighella
Carlos Roberto Zanirato
Chael Charles Schreier
Eremias Delizoikov
Fernando Borges de Paula Ferreira
Hamilton Fernando Cunha
João Domingos da Silva
João Lucas Alves
João Roberto Borges de Souza
José Wilson Lessa Sabag
Luiz Fogaça Balboni
Marco Antônio Brás de Carvalho
Nelson José de Almeida
Reinaldo Silveira Pimenta
Roberto Cietto
Sebastião Gomes da Silva
Severino Viana Colon
1970
Abelardo Rausch Alcântara
Alceri Maria Gomes da Silva
Ângelo Cardoso da Silva
Antônio Raymundo Lucena
Ari de Abreu Lima da Rosa
Avelmar Moreira de Barros
Dorival Ferreira
Edson Neves Quaresma
Eduardo Collen Leite
Eraldo Palha Freire
Hélio Zanir Sanchotene Trindade
Joaquim Câmara Ferreira
Joelson Crispim
José Idésio Brianesi
José Roberto Spinger
Juarez Guimarães de Brito
Lucimar Brandão Guimarães
Marco Antônio da Silva Lima
Norberto Nehring
Olavo Hansen
Roberto Macarini
Yoshitame Fujimore
1971
Aderval Alves Coqueiro
Aldo de Sá Brito de Souza Neto
Amaro Luís de Carvalho
Antônio Sérgio de Matos
Carlos Eduardo Pires Fleury
Carlos Lamarca
Devanir José de Carvalho
Dimas Antônio Casemiro
Eduardo Antônio da Fonseca
Flávio de Carvalho Molina
Francisco José de Oliveira
Gerson Theodoro de Oliveira
Iara Iavelberg
Joaquim Alencar de Seixas
José Campos Barreto
José Gomes Teixeira
José Milton Barbosa
José Raimundo da Costa
José Roberto Arantes de Almeida
Luís Eduardo da Rocha Merlino
Luís Hirata
Luiz Antônio Santa Bárbara
Manoel José Mendes Nunes de Abreu
Marilene Vilas-Boas Pinto
Mário de Souza Prata
Maurício Guilherme da Silveira
Nilda Carvalho Cunha
Odijas Carvalho de Souza
Otoniel Campos Barreto
Raimundo Eduardo da Silva
Raimundo Gonçalves Figueiredo
Raimundo Nonato Paz ou “Nicolau 21”
Raul Amaro Nin Ferreira
1972
Alex de Paula Xavier Pereira
Alexander José Ibsen Voeroes
Ana Maria Nacinovic Corrêa
Antônio Benetazzo
Antônio Carlos Nogueira Cabral
Antônio Marcos Pinto de Oliveira
Arno Preis
Aurora Maria Nascimento Furtado
Carlos Nicolau
Danielli Célio Augusto Valente da Fonseca
Fernando Augusto Valente da Fonseca
Frederico Eduardo Mayr
Gastone Lúcia Beltrão
Gelson Reicher
Getúlio D’Oliveira Cabral
Grenaldo de Jesus da Silva
Hélcio Pereira Fortes
Hiroaki Torigoi
Ismael Silva de Jesus
Iuri Xavier Pereira
Jeová de Assis Gomes
João Carlos Cavalcanti Reis
João Mendes Araújo
José Bartolomeu Rodrigues de Souza
José Inocêncio Pereira
José Júlio de Araújo
José Silton Pinheiro
Lauriberto José Reys
Lígia Maria Salgado Nóbrega
Lincoln Cordeiro Oest
Lourdes Maria Wanderly Pontes
Luís Andrade de Sá e Benevides
Marcos Nonato da Fonseca
Maria Regina Lobo Leite Figueiredo
Míriam Lopes Verbena
Ruy Osvaldo Aguiar Pfitzenreuter
Valdir Sales Saboya
Wilton Ferreira
1973
Alexandre Vannucchi Leme
Almir Custódio de Lima
Anatália de Souza Alves de Mello
Antônio Carlos Bicalho Lama
Arnaldo Cardoso Rocha
Emanoel Bezerra dos Santos
Eudaldo Gomes da Silva
Evaldo Luís Ferreira Sousa
Francisco Emanoel Penteado
Francisco Seiko Okama
Gildo Macedo Lacerda
Helber José Gomes Goulart
Henrique Ornelas Ferreira Cintra
Jarbas Pereira Marques
José Carlos Novaes da Mata Machado
José Manoel da Silva
José Mendes de Sá Roriz
Lincoln Bicalho Roque
Luís Guilhardini
Luís José da Cunha Manoel Aleixo da Silva
Manoel Lisboa de Moura
Merival Araújo
Pauline Philipe Reichstul
Ranúsia Alves Rodrigues
Ronaldo Mouth Queiroz
Soledad Barret Viedma
Sônia Maria Lopes Morais
1975
José Ferreira de Almeida
Pedro Gerônimo de Souza
Vladimir Herzog
1976
Ângelo Arroyo
João Baptista Franco Drummond
João Fosco Penito Burnier (Padre)
Manoel Fiel Filho
Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar
1977
José Soares dos Santos
1979
Alberi Vieira dos Santos
Benedito Gonçalves
Guido Leão
Otacílio Martins Gonçalves
Santo Dias da Silva
1980
Lyda Monteiro da Silva
Raimundo Ferreira Lima
Wilson Souza Pinheiro
1983
Margarida Maria Alves
Outras Mortes:
Afonso Henrique Martins Saldanha
Antônio Carlos Silveira Alves
Ari da Rocha Miranda
Catarina Abi-Eçab
Iris Amaral
Ishiro Nagami
João Antônio Abi-Eçab
João Barcellos Martins
José Maximiniano de Andrade Neto 
Luiz Affonso Miranda da Costa Rodrigues
Newton Eduardo de Oliveira
Sérgio Correia
Silvano Soares dos Santos
Zuleika Angel Jones
Mortes no Exílio:
Ângelo Pezzuti da Silva
Carmem Jacomini
Djalma Carvalho Maranhão
Gerosina Silva Pereira
Maria Auxiliadora Lara Barcelos
Nilton Rosa da Silva
Therezinha Viana de Assis
Tito de Alencar Lima (Frei)
Desaparecidos no Brasil:
Adriano Fonseca Fernandes Filho
Aluísio Palhano Pedreira Ferreira
Ana Rosa Kucinski Silva
André Grabois
Antônio “Alfaiate”
Antônio Alfredo Campos
Antônio Carlos Monteiro Teixeira
Antônio de Pádua Costa
Antônio dos Três Reis Oliveira
Antônio Guilherme Ribeiro Ribas
Antônio Joaquim Machado
Antônio Teodoro de Castro
Arildo Valadão
Armando Teixeira Frutuoso
Áurea Eliza Pereira Valadão
Aylton Adalberto Mortati
Bergson Gurjão Farias
Caiupy Alves de Castro
Carlos Alberto Soares de Freitas
Celso Gilberto de Oliveira
Cilon da Cunha Brun
Ciro Flávio Salasar Oliveira
Custódio Saraiva Neto
Daniel José de Carvalho
Daniel Ribeiro Callado
David Capistrano da Costa
Dênis Casemiro
Dermeval da Silva Pereira
Dinaelza Soares Santana Coqueiro
Dinalva Oliveira Teixeira
Divino Ferreira de Souza
Durvalino de Souza
Edgard Aquino Duarte
Edmur Péricles Camargo
Eduardo Collier Filho
Elmo Corrêa
Elson Costa
Enrique Ernesto Ruggia
Ezequias Bezerra da Rocha
Félix Escobar Sobrinho
Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira
Francisco Manoel Chaves
Gilberto Olímpio Maria
Guilherme Gomes Lund
Heleni Telles Ferreira Guariba
Helenira Rezende de Souza Nazareth
Hélio Luiz Navarro de Magalhães
Hiram de Lima Pereira
Honestino Monteiro Guimarães
Idalísio Soares Aranha Filho
Ieda Santos Delgado
Ísis Dias de Oliveira
Issami Nakamura Okano
Itair José Veloso
Ivan Mota Dias
Jaime Amorim Miranda
Jaime Petit da Silva
Jana Moroni Barroso
João Alfredo Dias
João Batista Rita
João Carlos Haas Sobrinho
João Gualberto
João Leonardo da Silva Rocha
João Massena Melo
Joaquim Pires Cerveira 
Joaquinzão
Joel José de Carvalho
Joel Vasconcelos Santos
Jorge Leal Gonçalves Pereira
Jorge Oscar Adur (padre)
José Humberto Bronca
José Lavechia
José Lima Piauhy Dourado
José Maria Ferreira Araújo
José Maurílio Patrício
José Montenegro de Lima
José Porfírio de Souza
José Roman
José Toledo de Oliveira
Kleber Lemos da Silva
Libero Giancarlo Castiglia
Lourival de Moura Paulino
Lúcia Maria de Sousa
Lúcio Petit da Silva
Luís Almeida Araújo
Luís Eurico Tejera Lisboa
Luís Inácio Maranhão Filho
Luiz Renê Silveira e Silva
Luiz Vieira de Almeida
Luíza Augusta Garlippe
Manuel José Nurchis
Márcio Beck Machado
Marco Antônio Dias Batista
Marcos José de Lima
Maria Augusta Thomaz
Maria Célia Corrêa
Maria Lúcia Petit da Silva
Mariano Joaquim da Silva
Mario Alves de Souza Vieira
Maurício Grabois
Miguel Pereira dos Santos
Nelson de Lima Piauhy Dourado
Nestor Veras
Norberto Armando Habeger
Onofre Pinto
Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior
Orlando Momente Osvaldo Orlando da Costa
Paulo César Botelho Massa
Paulo Costa Ribeiro Bastos
Paulo de Tarso Celestino da Silva
Paulo Mendes Rodrigues
Paulo Roberto Pereira Marques
Paulo Stuart Wright
Pedro Alexandrino de Oliveira Filho
Pedro Carretel
Pedro Inácio de Araújo
Ramires Maranhão do Vale
Rodolfo de Carvalho Troiano
Rosalino Souza
Rubens Beirodt Paiva
Ruy Carlos Vieira Berbert
Ruy Frazão Soares
Sérgio Landulfo Furtado
Stuart Edgar Angel Jones
Suely Yumiko Kamayana
Telma Regina Cordeiro Corrêa
Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto
Tobias Pereira Júnior
Uirassu de Assis Batista
Umberto Albuquerque Câmara Neto
Vandick Reidner Pereira Coqueiro
Virgílio Gomes da Silva
Vitorino Alves Moitinho
Walquíria Afonso Costa
Wálter de Souza Ribeiro
Wálter Ribeiro Novaes
Wilson Silva

Desaparecidos no Exterior:
Argentina
Francisco Tenório Júnior
Jorge Alberto Basso
Luiz Renato do Lago Faria
Maria Regina Marcondes Pinto
Roberto Rascardo Rodrigues
Sidney Fix Marques dos Santos
Walter Kenneth Nelson Fleury
Bolívia
Luiz Renato Pires de Almeida
Chile
Jane Vanini
Luiz Carlos Almeida
Nelson de Souza Kohl
Túlio Roberto Cardoso Quintiliano
Wânio José de Matos